Assistimos nos últimos anos a uma disrupção na mobilidade das pessoas.
Um pouco por todo o mundo novos conceitos, apoiados por tecnologias inovadoras, vão despontando e os veículos elétricos, desde a simples trotinete até ao autocarro autónomo, estão no topo desta disrupção.
No panorama português temos assistido, ano após ano, a sucessivos recordes de vendas de veículos de passageiros 100% elétricos (BEV) e híbridos plug-in (PHEV). No final de agosto de 2019 circulavam nas estradas portuguesas cerca de 25000 destes veículos. Apesar dos recordes referidos atrás, os números são ainda ínfimos comparados com os 4,8 milhões de veículos que se estima circulem atualmente nas nossas estradas.
De mão dada com o surgimento deste tipo de veículos foi criada uma infraestrutura de carregamento que, embora sujeita a algumas críticas (por vezes injustas), vai cumprindo com as necessidades dos diferentes utilizadores.
No entanto nem tudo são rosas.
O desenvolvimento de uma infraestrutura de carregamento, desde a sua conceção até à fase de manutenção, passando pelo (por vezes difícil) processo burocrático de solicitação de potência e ramais às entidades competentes, definição de equipamentos, execução da obra e respetiva certificação obriga a que as entidades envolvidas, sejam públicas ou privadas, tenham acesso a técnicos qualificados com as valências necessárias para que o objetivo final seja atingido – prestar o melhor serviço ao UVE.
No que diz respeito aos veículos o mote não é diferente.
Qualquer um que acompanhe com alguma atenção esta nova realidade da mobilidade já teve conhecimento, ou sentiu na própria pele, as dificuldades de ter, ou adquirir, um veículo elétrico. Na venda, novo ou usado, na manutenção e na inspeção obrigatória fazem falta técnicos com formação adequada.
Temos ainda as questões de segurança e emergência. O aumento deste tipo de veículos em circulação nas nossas estradas obrigam a que tanto forças policiais como corpos de bombeiros sejam providos de meios e formação compatíveis com este novo cenário.
Para além de todas as razões abordadas atrás, parece-me importante também referir que se abrem novas portas para mercados de trabalho por explorar.
É sabido que Portugal tem capacidade, nomeadamente através das instituições de ensino superior, para formar técnicos que conseguem responder ao mais alto nível aos desafios que lhe são colocados – nas questões ligadas à mobilidade elétrica não será diferente com certeza. Cabe, portanto, a estas entidades chamar a si essa responsabilidade. A disponibilização de conteúdos programáticos na área da mobilidade elétrica é uma questão premente que deve ser olhada de forma realista, mas também disruptiva.
A PRIO, com 9 anos de experiência neste mercado e a responsabilidade de ser o maior operador de postos de carregamento ligados à rede MOBI.E, sente-se na obrigação de contribuir com a sua cota parte – a disponibilização de meios e know-how a diversas instituições de ensino superior é já uma realidade.
Carlos Ferraz (Eng.)
Gestor de Desenvolvimento de Negócio