Em 1899, em Achères, perto de Paris, um belga chamado Camille Jenatzy, conhecido como o “diabo vermelho” por causa da cor da sua incandescente barba, batia um incrível recorde para a época.
Pela primeira vez um automóvel batia a barreira dos 100 km/h. O autêntico torpedo sobre rodas ficaria para a história com o nome de guerra de “La Jamais Contente”, que era o que alegadamente a mulher de Camille dizia do seu engenhoso e inconformado marido, um entusiasta do automóvel que construiu este protótipo e que parecia nunca estar contente com as suas realizações.
O “La Jamais Contente” tinha no entanto outra característica importante. Era movido por um motor elétrico. Ou seja, há quase 120 anos, o primeiro automóvel a bater a velocidade dos 100 km/h tinha um motor elétrico.
Foi preciso esperar mais de um século para o automóvel elétrico saír do museu para entrar nas nossas vidas. A mobilidade elétrica deixou de ser o passado, para ser o inevitável futuro.
Estamos no dealbar de uma nova era da mobilidade humana e assistimos a uma revolução tecnológica que combina uma série de áreas do conhecimento e tecnologias para oferecer um vasto mundo de possibilidades. Em qualquer forum ou debate sobre mobilidade e o futuro do automóvel, ouvirão dizer que os carros serão elétricos, conectados, partilhados e autónomos e são inúmeros os desafios tecnológicos que se colocam a esta mudança de paradigma, desde a inteligência artificial, à internet das coisas, passando pela realidade aumentada (cada vez menos virtual), o big data, a transformação digital ou até a engenharia mecânica.
Mas a mobilidade elétrica é apenas um dos pilares de uma nova cultura de mobilidade que está a nascer, onde o automóvel ocupa apenas uma das “faixas de rodagem” do futuro.
Na verdade, quando falamos de mobilidade inteligente, falamos de algo bem mais amplo e com um impacto maior nas nossas vidas.
A pressão de uma sociedade e uma economia tendencialmente descarbonizada, conjugada com uma nova geração de tecnologias que concorrem para que sejamos cada vez mais cidadãos ligados e em rede, faz com que a forma como nos movemos nas cidades ou no territórios, seja também ele um novo espaço de criatividade, inovação e inconformismo.
É por isso que trago à liça a inspiradora história do “La Jamais Contente” e de Camille Jenatzy a propósito do lançamento dos Globa Mobi Awards / OK! Teleseguros 2018. É porque estes prémios, promovidos pelo Motor 24 e pelo Global Media Group, são também um repto ao espírito inventivo, um desafio à criatividade a todos os cidadãos, empresas e organizações que estejam já hoje a desbravar esta nova fronteira e a contribuir para uma mobilidade mais livre, mais eficiente e mais feliz.
Uns prémios não são mais do que um pretexto para promover debate, reflexão, boas ideias e melhores práticas, dando visibilidade pública a uma comunidade de conhecimento que produz veículos, que produz tecnologias, que produz serviços, que produz políticas, que produz ideias para uma mobilidade inteligente.
Os Global Mobi Awards /Ok Teleseguros 2018 são por isso um desafio à inteligência e a todos aqueles “que nunca estão contentes”, como Camille Jenatzy nunca estava.