Carlos Ferraz, Diretor de Mobilidade Elétrica da PRIO traça o panorama da mobilidade elétrica em Portugal e explica como a PRIO se tem posicionado neste novo mercado, respondendo aos desafios para a descarbonização da economia e repensando conceitos e modelos de negócio.
A mobilidade elétrica é um desafio de transformação para a PRIO?
A melhor forma de enfrentar e vencer os desafios é encará-los como oportunidades. Desde a sua criação, a PRIO tem a sustentabilidade muito presente no ADN – apostámos já há 15 anos na produção de biocombustíveis avançados e somos neste momento a maior produtora de biocombustíveis sustentáveis em Portugal – mas não ficamos por aqui. Estamos na vanguarda das energias alternativas para a mobilidade e a Mobilidade Elétrica é uma delas. Temos equipas altamente qualificadas, dedicadas a apoiar o caminho da descarbonização, criando soluções que acrescentem valor ao país e que nos permitam atingir as metas de descarbonização da União Europeia. No entanto, estamos perante um sistema de transição mais lenta do que o esperado e com objetivos ambiciosos de redução de emissões de CO2 o que nos traz desafios acrescidos que estamos apostamos a conquistar e liderar.
Para ser um player no mercado da mobilidade elétrica o que é que a PRIO precisa de fazer, nomeadamente na sua rede?
A PRIO está na Mobilidade Elétrica desde 2010. Fomos o primeiro operador registado em Portugal em 2011 e em 2017, ainda antes da fase comercial, disponibilizamos o cartão PRIO ELECTRIC a todos os utilizadores de veículos elétricos. Também em 2017 fomos um dos quatro Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica (CEME) convidados para contribuir no grupo de trabalho criado pela Secretaria de Estado da Mobilidade para que fosse possível implementar o modelo escolhido pelo governo português e que culminou no início da fase de mercado em novembro de 2018. Somos, portanto, uma referência no panorama nacional.
É claro que o aumento de veículos elétricos a circular nas nossas estradas, aliado ao facto de ser um modelo de negócio novo, obriga-nos a constantes evoluções quer na disponibilização de infraestrutura de carregamento quer no desenvolvimento de novos serviços para o utilizador. Apesar de todas as soluções que temos vindo a desenvolver, estamos conscientes de que ainda há muito trabalho a fazer. É nisso que trabalhamos todos os dias, para que o nosso caminho seja cada vez mais verde e sustentável e ajude a desenvolver economicamente Portugal.
Tempo de recarga e um sistema claro e transparente de faturação são preocupações habituais do cliente da mobilidade elétrica?
A generalidade das pessoas sempre se moveu com recurso a veículos com motores de combustão interna e estão habituadas à rapidez de abastecimento, possibilidade de percorrer longas distâncias sem reabastecimento e aos modelos de negócio implementados nomeadamente no que diz respeito à forma como são apresentados os preços dos combustíveis.
Apesar de estarmos a falar de veículos que nos permitem ir do ponto A ao ponto B, há bastantes diferenças entre a utilização e condução de um veículo com motor de combustão interna para um veículo elétrico – o tempo de reabastecimento é uma delas. Há de facto alguma preocupação, inicial, no que diz respeito ao tempo de recarga dos veículos, mas o que temos percebido é que os utilizadores rapidamente adaptam os seus hábitos de vida para ultrapassar essa diferença.
Relativamente ao sistema de faturação, e no que é a experiência dos nossos clientes, não temos essa perceção. O modelo de interoperabilidade implementado em Portugal, que permite que os utilizadores utilizem toda a rede de carregamento nacional com apenas um meio de acesso, obriga a alguma complexidade. Como referi atrás, estamos perante uma nova realidade e um novo modelo que com certeza sofrerá evoluções para responder da melhor forma às necessidades dos utilizadores.
Existem ainda alguns mitos sobre a mobilidade elétrica que funcionam como travão à sua disseminação?
Existem muitos mitos e seria difícil estar aqui a enumerá-los. Mas mais que os mitos o que verdadeiramente nos preocupa é a falta de informação e, por vezes, desinformação.
Na PRIO tentamos que a informação chegue ao maior número de utilizadores. Temos acordos com diversos concessionários automóveis, para formação às suas equipas de vendas sobre mobilidade elétrica, e ainda com cinco instituições de ensino superior para, entre outras coisas, dar oportunidade à nova geração de utilizadores de estar familiarizados com esta nova realidade.
O que é a “eletricidade verde?” e qual a sua importância para a PRIO?
A geração de eletricidade pode ser feita por via de diferentes fontes, mas nem todas estão isentas de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). A chamada “eletricidade verde” é obtida através de fontes 100% renováveis como por exemplo o sol, o vento ou a água. Se queremos avançar com a descarbonização temos que, obrigatoriamente, utilizar energia obtida através destas fontes. Na PRIO já o fazemos desde 2019. Ao utilizar o cartão PRIO ELECTRIC, os nossos clientes sabem que a energia fornecida aos seus veículos é isenta de emissões de GEE independentemente do local onde o fazem.
A eletrificação das frotas é uma tendência que se começa a desenhar nalguns setores de atividade, a PRIO está preparada para dar resposta a esta tendência?
Os mais de 10 anos de experiência na mobilidade elétrica permitiu-nos adquirir o know-how necessário para dar resposta a todos os desafios da mobilidade elétrica e a eletrificação das frotas é um deles. Temos uma equipa com formação adequada para ajudar os nossos clientes a transitarem para a descarbonização da forma que melhor servir os seus interesses. Também neste ponto somos uma referência a nível nacional. Esta questão está presente nas nossas discussões há anos, e é por isso que estamos hoje mais preparados para o futuro, interligando várias soluções e energias, porque o futuro da mobilidade depende de todos.