Jorge Delgado é o novo secretário de Estado da Mobilidade Urbana. Natural de Viana do Castelo, é doutorado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Foi professor no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, quadro dos STCP (Serviço dos Transportes Coletivos do Porto), consultor de mobilidade e membro da Administração do Metro do Porto, empresa que presidiu até 2019, quanto integrou o governo como secretário de Estado das Infraestruturas. Transita agora para o Ministério do Ambiente e Ação Climática, liderado por Duarte Cordeiro, onde é responsável pelas políticas públicas da mobilidade urbana, com a tutela de empresas de transportes como o Metro de Lisboa e a TTSL (Transtejo/Soflusa).
Portugal tem dado passos importantes na descarbonização da mobilidade, em especial procurando atrair cada vez mais pessoas para a utilização dos transportes públicos e investindo na qualidade de oferta e redução dos impactos.
Quais são as principais metas e objetivos da Estratégia Nacional da Mobilidade Ativa?
A Estratégia Nacional da Mobilidade Ativa pretende, e aqui cito, “tornar Portugal num país “orgulhosamente ativo”, onde pedalar é uma atividade segura e amplamente praticada, constituindo uma opção de mobilidade acessível e atrativa, e assim maximizando benefícios para saúde, economia, emprego, ambiente e cidadania.” Ao longo dos anos, o país foi-se tornando excessivamente dependente do automóvel e foi perdendo hábitos de mobilidade mais saudáveis. É neste contexto que surge a ENMAC, aprovada em 2019, cujas ambiciosas metas visam aproximar o uso da bicicleta em Portugal daquele que se verifica noutros países europeus. Até 2030, pretendemos atingir uma quota modal de viagens em bicicleta no território nacional de 7,5%, que nas cidades sobe para 10%, e uma extensão total de ciclovias de 10 mil quilómetros. Atingir estas metas é um enorme desafio, com o qual estamos fortemente comprometidos.
As políticas de mobilidade urbana têm posto o automóvel como alvo a erradicar do centro das cidades, mas com o advento do carro elétrico e de outras formas de mobilidade suave, o transporte individual passa de novo a ser bem-vindo?
O transporte individual não deve ser diabolizado – todos os modos têm o seu papel. Note-se, porém, que os problemas do excesso de automóveis nas cidades não se limitam à questão das emissões. O congestionamento e a ocupação de espaço são fatores críticos, com impactos na economia e na qualidade de vida da população. Assim sendo, a prioridade deverá ser criar condições para que a utilização dos transportes públicos seja atrativa e prioritária. Se a utilização do automóvel tiver de ser a solução, então que esse automóvel seja movido a energia verde.