“A utilização de veículos eléctricos como principal forma de mobilidade contribui activamente para a descarbonização do planeta, e para a mitigação das já inevitáveis consequências que as alterações climáticas trarão para a vida de todos nós. Todavia, em Portugal a transição para uma mobilidade elétrica sustentável e fácil de utilizar assenta na obrigatoriedade de uso de um sistema anacrónico, desproporcionalmente complexo e único no mundo, que foi pioneiro e exemplar quando foi lançado mas hoje se coloca no caminho contrário ao do progresso”, adianta a associação em comunicado.
A primeira iniciativa da AMME propõe o fim da obrigatoriedade do uso da rede pública Mobi.e (a rede controlada pela Entidade Gestora da Mobilidade Eléctrica), e que quem queira vender energia para carregamento de veículos elétricos possa utilizar uma infraestrutura própria para o fazer, nomeadamente os seus próprios sistemas de autenticação, carregamento e pagamentos, sem ter que cumprir com a atual integração obrigatória à Entidade Gestora da Mobilidade Elétrica (EGME).
Esta proposta endereça dois dos maiores problemas do atual modelo: “um utilizador de veículos eléctricos não tem forma de conseguir saber quanto vai pagar no seu carregamento antes de o efetuar, sem recorrer a aplicações móveis de auxílio que simulam – mesmo assim sem precisão absoluta – o custo desse carregamento; e um promotor que queira instalar uma solução de carregamentos de veículos eléctricos específica para o seu contexto comercial (um conjunto de marcas de carros, uma oferta complementar de superfícies comerciais, ou uma comunidade local de produção de energia) não o consegue fazer sem ligar à EGME/Mobi.e, e, portanto, não conseguir diferenciar preços ou oferecer um preço claro e final aos seus utilizadores”, explica a AMME.
A AMME complementa esta proposta com duas propostas adicionais, que pretendem por um lado promover a liberdade de escolha de origem da energia na Mobilidade Eléctrica (que neste momento tem que ser comprada a um Comercializador do Sector Energético, o que inibe a auto-produção local de energia para vender em carregamentos), e por outro lado uma redefinição clara da classificação dos espaços que têm postos de carregamento e suas obrigações não apenas de acordo com a sua localização, mas sobretudo de acordo com a sua finalidade.Segundo Hugo José Pinto, porta-voz da AMME, “somos uma associação nascente, mas contamos com pragmatismo e ansiedade que são alimentados por membros fundadores da AMME – pioneiros na mobilidade eléctrica – e fruto de longos meses de discussão construtiva sobre o atual estado dos carregamentos de veículos eléctricos no nosso país, bem como as consequências da aparente estagnação do enquadramento legal que a rege”. E vai mais longe: “Ao invés de dizer mal do atual status quo, vamos a partir de hoje trabalhar para reforçar a massa crítica que garante a nossa representatividade, e promover ativamente a mudança arquitectónica do modelo da Mobilidade Elétrica, comprometendo-nos a apresentar, atempadamente, uma proposta holística de alteração legislativa do Decreto Lei 39/2010, aos nossos Governantes e grupos parlamentares. Acreditamos na Cidadania Ativa, e numa aproximação construtiva para mudar a lei, mas tampouco nos coibiremos de recorrer a medidas de maior visibilidade pública se nos virmos a tal obrigados”.
A AMME lançou ontem o seu site em http://amme.com.pt, e estará disponível para aceitar inscrições de associados nos próximos dias. Pode ser contactada para esclarecimentos ou entrevistas em media@amme.com.pt, ou através do formulário disponível no site.