A Bentley anunciou que irá tornar-se numa marca totalmente eletrificada em 2025 e que em 2030 deixará de comercializar veículos com motor de combustão interna. Este é o esforço da conceituada marca britânica para se tornar mais sustentável, inserindo-se numa série de medidas que irão transformar por completo a Bentley.
A marca de Crewe apresentou a sua visão para o futuro a médio prazo e, ao mesmo tempo apregoando o seu compromisso com o cumprimento do Acordo de Paris assinado pelo Grupo Volkswagen para reduzir o aumento da temperatura a apenas 2 graus, a Bentley revelou como pretende transformar-se para ser totalmente sustentável e diversificada em termos de força de trabalho.
Adrian Hallmark, CEO da Bentley, revelou que em 2030, a marca deixará de vender automóveis com motores de combustão interna: “A partir de 2026, todos os modelos da Bentley serão eletrificados, sejam híbridos, sejam puramente elétricos. Mas, mais ainda. Em 2030, acabam os motores de combustão interna. Imaginem só – uma marca com 100 anos que é conhecida pela produção de motores V12, irá deixar de produzir esses mesmos motores. Uma verdadeira transformação”.
Quanto ao primeiro veículo elétrico, que será apontado como um modelo totalmente neutro em emissões de carbono, desde a sua criação à locomoção, Adrian Hallmark aponta para o ano de 2025, marcando o início de uma nova era. Esse será também o ano em que a Bentley terá à sua disposição uma nova plataforma, pensada para a mobilidade elétrica.
“Dentro de cinco a dez anos, à medida que a tecnologias das baterias evoluir, vamos adotando as novidades. Queremos estar na linha da frente. Vemos isto como uma oportunidade, não como uma ameaça [ao negócio]”, acrescenta.
Porém, com a crescente predominância da eletrificação, os responsáveis da marca de Crewe estão convictos de que têm de “transformar tudo o que fazemos”, certificando-se de que os carros no futuro serão “gloriosos e imponentes como são hoje. Estamos numa missão, o grupo está empenhado em cumprir o Acordo de Paris e ir além dos 2 graus de redução da temperatura. E nós queremos fazer parte disso. Não queremos ficar em último”, acrescenta Hallmark.
Embora exista ainda apetência para os modelos térmicos, a Bentley reconhece que há cada vez mais uma aceitação dos seus clientes sobre a mobilidade elétrica, havendo quem peça mesmo automóveis daquele género entre os clientes usuais da marca.
“A ideia de um Bentley elétrico encaixa-se perfeitamente com a marca. Sempre produzimos carros com um binário fantástico e podemos oferecer isso com os elétricos. Essa é a nossa abordagem aos nossos produtos, queremos assegurar que se trata de um Bentley”.
Além dos carros elétricos, a Bentley também quer mudar todos os seus métodos de produção, com vista a criar uma companhia neutra em emissões de carbono em 2030, mas outros passos abarcam a neutralidade na utilização dos plásticos já em 2025 e a transformação da sede de Crewe numa infraestrutura climaticamente positiva também em 2025. A Bentley pretende também promover a diversidade na sua equipa.
Num ano marcado pela pandemia de Covid-19, o tema também não faltou nesta conferência, com Jan-Henrik Lafrentz, membro da Administração com o pelouro da área financeira, a admitir que houve um efeito notório da pandemia, mas não em termos de prejuízos. “O impacto da Covid-19 na Bentley não foi tanto de prejuízos, mas sim de receitas perdidas, o primeiro trimestre estava a correr bem, mas depois com os confinamentos perdemos uma oportunidade de lucro. Mas estamos muito otimistas para o final do ano e para 2021. Aliás, a nossa empresa tem tido um ‘cash-flow’ positivo, o que prova que o nosso modelo de negócio é positivo”.
Na conferência de imprensa houve ainda tempo para interrogar sobre o futuro da Bentley no desporto automóvel, algo que continua a estar nos objetivos da marca, mas que terá de encontrar uma outra abordagem no panorama da sustentabilidade.
“O desporto automóvel é a fundação do que fazemos. Se olharmos para o futuro, como faremos com os carros de produção, competir com carros de motor de combustão no futuro não se adaptará à marca. Por isso, a questão é como transferir essas tecnologias para as competições e em quanto tempo. Nós não queremos fazer corridas de ‘sprint’, mas de endurance (resistência) – corridas de 24 horas seriam fantásticas, mas seriam precisas muitas baterias e isso não será possível, pelo que ainda faltará muito tempo. Estamos em conversações com os reguladores do desporto para orientar essa transição”, complementou Adrian Hallmark.