A pandemia de Covid19 traz inevitavelmente consequências na mobilidade humana. Há por um lado efeitos conjunturais em contexto de emergência sanitária, com a redução drástica da mobilidade, quer seja a de longa ou a de pequenas distâncias e existem efeitos que vão perdurar no tempo, criando novas forças de transformação do atual paradigma da mobilidade humana.
As limitações e restrições à mobilidade vieram demonstrar de que forma a economia mundial e a própria organização da sociedade estão dependentes da mobilidade de pessoas e bens.
Nos próximos anos veremos se as grandes tendências de transformação da mobilidade humana se vão acentuar ou se as políticas, a tecnologia e a ciência vão criar novas dinâmicas de mudança, especialmente no ordenamento da mobilidade nas grandes cidades.
O transporte público será um elemento chave nesse ordenamento. Se não conseguirmos providenciar um sistema local de transporte público seguro e sustentável, estaremos a armar uma bomba relógio, económica e social. Os poderes públicos e os operadores de transportes vão ter de acelerar a digitalização e responder de forma mais eficiente às necessidades de mobilidade das populações. É preciso ter a coragem de desenhar estas novas políticas de transportes, adaptar, aumentar e flexibilizar a resposta. É preciso ter a coragem de investir na inovação em sistemas de transportes públicos, acessíveis e condignos. A coragem de encarar a mobilidade pública e sustentável como uma meta e não simplesmente como uma equação entre a procura e a oferta.
A coragem de adotar finalmente uma abordagem contemporânea na proteção dos serviços, através do design, da ciência do comportamento e da comunicação. Digitalização, transição energética e políticas de sustentabilidade têm sido as forças motrizes da mudança nos últimos anos.
A pandemia virá a acelerar esses processos de transformação e a economia verde será fortemente apoiada e subsidiada, até no contexto de uma plena recuperação económica. Faz sentido que os apoios públicos para a economia sejam orientados para um modelo empresarial, produtivo e de consumo mais equilibrado e sustentável e que a mobilidade descarbonizada será um dos setores mais dinâmicos, inovadores e estimulados na próxima década.
Há por isso um ecossistema propício ao desenvolvimento de projetos, políticas e produtos orientados para uma mobilidade sustentável.
É neste contexto que o Motor24 e o Dinheiro Vivo, com o apoio da PRIO, da Associação de Utilizadores de Veículos Elétrico (UVE) e do Programa Polis lançam a terceira edição dos Global Mobi Awards PRIO, cuja missão é precisamente promover, estimular e divulgar as melhores práticas e políticas, os melhores produtos, serviços e tecnologias de mobilidade inteligente no nosso país. Melhorar a qualidade de vida nas cidades, a qualidade do ar que respiramos, sem comprometer o desenvolvimento económico, fazendo aliás da qualidade de vida e da qualidade do ar um fator de desenvolvimento económico, esse é o desafio dos próximos anos em matéria de mobilidade.
Rui Pelejão
direção executiva Global Mobi Awards PRIO