Embora com méritos ambientalmente reconhecidos, o Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) tem vindo a perder algum espaço no atual panorama do mercado automóvel. No entanto, a sua adoção permite vantagens notórias em diversos aspetos, o primeiro dos quais associado ao menor custo de utilização e o segundo relacionado com a sua menor pegada ecológica. Para a PRIO, este é também um caminho a seguir no âmbito da sua multiplicidade de ofertas para o cliente.
Para André Lopes, diretor de Negócio de Gás da empresa, o gás auto apresenta grandes benefícios e é, atualmente, o combustível de transição energética melhor servido no país. Nesse sentido, se o número de veículos GPL a circular em Portugal aumentar, a PRIO pretende investir na rede de abastecimento, por todo o país, de forma a garantir que os os seus clientes são servidos de forma conveniente.
Em entrevista, o responsável da PRIO explica ainda a posição da empresa em relação ao mercado de gás engarrafado, que, admite, dá “sinais de quebra de consumo constante”.
Global Mobi Awards: Quais os grandes benefícios do GPL auto em Portugal?
André Lopes: Existem bastantes, mas destaco a rede existente que, para o uso de GPL, é bastante densa. O GPL é hoje o combustível de transição energética melhor servido no país, com uma redução de até 22% nas emissões por quilómetro percorrido. A outra vantagem é o preço praticado no mercado, que, para certos clientes, pode implicar poupanças de até 50% quando comparado com soluções Diesel ou gasolina.
GMA: O que faltará, no nosso país, para incrementar valor ao GPL auto?
AL: Julgo que falta a consciencialização dos consumidores de que o GPL auto é uma alternativa válida aos demais combustíveis, e parece-me que falta, também, informação sobre a utilização do GPL no geral. Genericamente, passa-se a ideia de que o GPL auto é um produto perigoso, com restrições e igualmente poluente em comparação com os outros combustíveis disponíveis no mercado, o que não é verdade. A título de exemplo, as placas de restrição ao acesso a veículos de GPL ainda aparecem à porta de muitos parques de estacionamento subterrâneos, apesar de serem hoje ilegais e de se saber que não têm qualquer base científica. Por outro lado, a lacuna de não existir por parte dos construtores uma oferta mais alargada de viaturas compatíveis com GPL de fábrica restringe à partida a avaliação da compra de uma viatura a GPL.
GMA: E as principais dificuldades? Terá o GPL auto sido algo esquecido, quando comparado com outras soluções?
AL: Sim, considero que a falta de conhecimento advém também em parte da falta de disponibilização de informação que possibilite que os consumidores tomem decisões informadas. Porém, só isso não basta, é também preciso ter em conta outros fatores como incentivos fiscais à transformação de veículos para GPL e a compra de veículos novos.
GMA: Qual o papel do GPL auto no contexto da transição energética e da mobilidade do futuro?
AL: Acreditamos que o GPL Auto é um produto com um papel importante para a transição energética e para a construção da mobilidade de futuro. Embora o GPL seja um subproduto da refinação de petróleo, tem características diferenciadas que se destacam por ser bastante limpo, seguro e substancialmente menos poluente quando comparado aos combustíveis mais utilizados. Adicionalmente, em Portugal e por toda a Europa, existe uma rede de abastecimento instalada capaz de suportar bastante mais consumo que o realizado atualmente, sem impacto ambiental e económico adicional relevante. Por fim, julgo que é necessário enquadrar os indicadores e incentivar ao uso do produto com vista a que seja mais uma ferramenta útil em prol da descarbonização.
GMA: E em relação ao GPL auto, qual o posicionamento da empresa?
AL: O posicionamento da PRIO é, em primeiro lugar, oferecer uma rede ampla com dispersão geográfica com vista a servir os nossos clientes a nível nacional, e para isso, a cada posto de abastecimento novo é avaliado o investimento em GPL. Se o número de veículos a GPL continuar a crescer e acelerar o seu ritmo de crescimento face aos últimos anos, seguramente teremos espaço para investir em mais posições de abastecimento. Também neste produto apostamos na qualidade aliada à poupança e dispomos de um preço competitivo em todas as posições.
GMA: Nos últimos anos, a PRIO tem investido forte em parques GPL. Aumentar a capacidade de armazenagem continua a estar na agenda da empresa?
AL: A PRIO tem investido de forma consistente no negócio de gás, quer no GPL auto quer no gás embalado, com o objetivo de poder servir melhor os portugueses. Assim, todos os investimentos necessários que nos permitam estar mais perto dos nossos clientes e servi-los melhor serão analisados e certamente realizados no momento indicado.
GMA: Como descreve a situação atual do gás embalado em Portugal?
AL: Na verdade, vivemos um momento complexo. Ao contrário do que vai acontecendo no GPL auto, o mercado de gás engarrafado dá-nos sinais de quebra de consumo constante, por força de alguns fatores há muito conhecidos, mas, adicionalmente, existe alguma pressão sobre esta indústria que não é razoável. O negócio de gás embalado em Portugal tem historicamente servido a população em geral, com um nível de serviço elevado e com uma capilaridade notável sempre cumprindo pressupostos de segurança dos mais exigentes da Europa. Temos também gás engarrafado na generalidade mais barato que nos países do centro da Europa, e mais operadores no mercado, com distribuição porta-a-porta disponível em praticamente todo o país. Como referência, sabemos que existem aproximadamente 50.000 pontos de venda a nível nacional e, a adicionar a isso, é prática do mercado a entrega ao domicílio de gás.
Para tudo isto acontecer, é feito um investimento elevadíssimo dos vários intervenientes da cadeia de abastecimento, quer das companhias que operam, como dos seus distribuidores. Vimos recentemente esta indústria ser atacada com base em argumentos pouco sólidos e com uma base de comparação com outros mercados que não é correta nem equiparável. Na PRIO, lamentamos que este seja o caminho tomado, mas continuamos apostados em desenvolver a nossa oferta a nível nacional. Somos um player ainda pequeno face aos históricos do setor e sabemos que servimos melhor o nosso cliente por uma aposta na poupança aliada a bom serviço que nos caracteriza. Resta-nos desenvolver esforços para que os clientes percebam as vantagens inequívocas da utilização deste produto e continuem a ser servidos com qualidade e ao melhor preço do mercado.
GMA: Como se posiciona a PRIO neste valor e qual a sua proposta de valor?
AL: A PRIO posiciona-se de forma simplificada no mercado, com um produto em duas garrafas distintas e com uma cadeia de valor otimizada focada totalmente na qualidade e conforto associado ao melhor preço de mercado. Adicionalmente, a PRIO tem inovado mais do que qualquer outro operador, oferecendo novas formas de acesso e entrega do produto como é exemplo a nossa plataforma de e-commerce que temos disponível há cerca de dois anos, onde os clientes podem comodamente encomendar e agendar a entrega da sua garrafa de gás. Para já esta solução está disponível apenas em Lisboa/ Setúbal e Coimbra, mas está nos planos da PRIO expandi-la para outros pontos do país num futuro próximo.
GMA: O que podemos esperar da PRIO, nesta área, em 2021?
AL: Da PRIO pode-se esperar continuidade e consistência da proposta de valor que apresentamos ao mercado e aos nossos clientes. Desta maneira, pretendemos continuar a comunicar o que fazemos e a forma diferente e inovadora como o fazemos e com isso reforçar a nossa presença no mercado. A nossa comunicação desta área de negócio afirma, porque queremos que assim seja, que “quem tem PRIO, não tem frio.”