Mais do que uma perspetiva de mobilidade para o futuro, a eletromobilidade começa a fazer parte do momento atual da indústria automóvel, que tem redobrado esforços no desenvolvimento e lançamento de novas soluções alimentadas puramente a eletricidade (além dos híbridos que começaram por traçar uma tendência).
Para tornar a implementação dos veículos elétricos mais fácil e consensual, muitas empresas cooperam entre si com o objetivo de obter soluções de carregamento mais fáceis, como é o caso da PRIO, que tem dedicado um grande trabalho à expansão da sua rede de carregamento em solo nacional, mas, ao mesmo tempo, também olhando para a questão ambiental como um todo.
Essa visão holística abarca também a própria produção da eletricidade, para fazer do processo de carregamento dos veículos elétricos o mais ‘verde’ possível, com as energias renováveis a desempenharem um papel muito importante para a PRIO, conforme explica o Eng.º Carlos Ferraz, responsável da PRIO pela área da mobilidade elétrica.
Se ainda persistem algumas pedras no caminho da mobilidade elétrica em Portugal – e não só –, a necessidade de transição energética associada ao empenho de marcas como a PRIO poderá ajudar a retirá-las do horizonte.
Global Mobi Awards: A PRIO é cada vez mais uma companhia multifacetada em termos de eletromobilidade, estando agora muito empenhada na propagação da mobilidade elétrica. O que é que a PRIO antecipa para o reforço e propagação da rede no futuro a curto termo?
Carlos Ferraz: A PRIO é pioneira na mobilidade elétrica em Portugal e continua empenhada em investir para chegar a mais pontos do país, investir em tecnologia de ponta e ajudar a tornar Portugal num cluster de referência. O nosso objetivo é passar dos atuais 190 pontos de carregamento elétricos em Portugal para 300 já em 2025. Paralelamente, temos também como prioridade a instalação de carregamentos ultrarrápidos e a uniformização da proveniência das fontes de energia para que estas sejam sempre 100% renováveis. Vemos, assim, nas energias renováveis, o futuro sustentável e uma importância crescente da PRIO rumo a um caminho cada vez mais sustentável.
É também nossa preocupação levar a mobilidade elétrica para fora dos grandes centros urbanos. A título de exemplo instalamos postos de carregamento em locais como a A13 (Alvaiázere), Barreiro, Valongo e Vilar Formoso.
GMA: Os carregadores superrápidos assumem cada vez mais uma importância fundamental para a adoção dos veículos elétricos. Como é que observam a progressão destas tecnologias de carregamento e em que medida é que as mesmas tornarão o veículo elétrico mais funcional para os condutores?
CF: Fomos habituados ao longo das últimas décadas a despender muito pouco do nosso tempo para abastecer os nossos veículos. Nesse aspeto a mobilidade elétrica é considerada quase como um retrocesso tecnológico. É claro que as tecnologias que permitam reduzir o tempo de carregamento tornarão a utilização do veículo elétrico mais funcional, mas não devemos olhar apenas para os sistemas de carga. O aumento da autonomia e a eficiência na utilização de carregadores superrápidos dependem apenas do veículo e dos seus componentes.
GMA: Nesse mesmo sentido, existe o objetivo de estabelecer um ‘corredor’ a nível nacional de carregadores rápidos que permitam ir de Norte a Sul com a segurança de não ficar pelo caminho?
CF: O investimento que a PRIO tem feito ao longo dos últimos anos e que continuará a fazer nos próximos é demonstrativo da nossa visão para o setor energético. Uma rede de carregadores rápidos e superrápidos que cubra grande parte do território nacional, seja de Norte a Sul, seja de Este a Oeste.
Para alcançar este objetivo no início deste ano, num contexto particularmente desafiante, propusemo-nos a fazer até 2025 um investimento significativo na mobilidade elétrica, precisamente porque acreditamos que é o futuro. Este investimento vai desde novos pontos de carregamento até à requalificação tecnológica dos já instalados. Mas isto é apenas uma das componentes da forma como olhamos para o futuro da mobilidade em Portugal. Em articulação com a mobilidade elétrica, temos vindo também a investir noutras energias de futuro, tais como os biocombustíveis avançados.
Olhamos para estas energias de forma holística e integrada, trabalhando todos os dias para sejamos uma empresa que quer ser parte de um futuro cada vez mais sustentável, desenvolvendo produtos e serviços competitivos e de qualidade.
GMA: Para onde é que a mobilidade elétrica ‘caminha’ em termos de ciclo ‘well-to-wheel’, que neste caso não se apelidaria assim, mas numa lógica de ‘produção ao gasto’: a criação de uma rede elétrica totalmente ‘verde’ será possível a curto prazo?
CF: Sem dúvida. Na PRIO, já a partir deste mês todos os clientes com cartão PRIO Electric poderão carregar os seus veículos elétricos com energia proveniente 100% de fontes renováveis e exatamente pelo menos preço que praticávamos até aqui. Adicionalmente, também já a partir de novembro, sempre que um utilizador do cartão PRIO Electric carregar a bateria do carro em qualquer ponto de carregamento da MOBI.E, esteja ou não dentro de um posto PRIO, irá estar a fazê-lo com energia com origem em fontes 100% renováveis. Fizemo-lo porque é parte da nossa visão. Acreditamos que a origem da energia elétrica deve ser essa. Julgamos que é mais um sinal evidente, para o mercado e para os nossos clientes, do nosso compromisso com a sustentabilidade.
GMA: Ao longo dos últimos meses, a PRIO tem efetuado parcerias e acordos de investigação/desenvolvimento com institutos politécnicos. Como é que os mesmos progridem nesta primeira fase (que resultados obtiveram, entenda-se) e o que é que se pode esperar dos mesmos (avanços de tecnologia, aplicações ou soluções de conveniência)? Por exemplo, o que é que se pode retirar de um laboratório de mobilidade elétrica como o que foi criado no Politécnico de Leiria?
CF: A mobilidade elétrica está ainda numa fase primordial. Para além dos projetos de investigação e desenvolvimento nesta área, há ainda um grande défice de profissionais com as competências necessárias para que a indústria evolua. Assim, decidimos também investir nesta área e assinámos protocolos com cinco instituições de Ensino Superior: o Politécnico de Leiria, também o ISEP no Porto, o ISEC em Coimbra, o ISEL em Lisboa e o Instituto Politécnico de Setúbal. Em todos eles foi instalado um PRIO LAB com diversos equipamentos que irão permitir uma melhor aprendizagem e contribuir para formar técnicos que sejam especialistas em mobilidade elétrica. Estamos confiantes que este investimento irá dar um contributo decisivo para o desenvolvimento da mobilidade elétrica em Portugal.
GMA: O objetivo de liderar entre a mobilidade elétrica é um dos que movem a PRIO?
CF: O grande objetivo da PRIO é oferecer os melhores produtos ao melhor preço a todos os nossos clientes. Essa é a nossa missão e para alcançá-la acreditamos que o caminho da sustentabilidade é o indicado. Ou seja, queremos aliar a qualidade, à poupança e à sustentabilidade. É assim que nos posicionamos, como uma empresa de energias do futuro para a mobilidade.
GMA: Como é que veem a evolução do mercado elétrico em Portugal e o que esperam para os próximos anos?
CF: Portugal está a adotar medidas (PNEC – Plano Nacional Energia e Clima) bastantes ambiciosas para o horizonte 2020-2030. Com a concretização desse plano estarão reunidas todas as condições para que possamos assumir um papel de liderança a nível europeu, não só no mercado da mobilidade elétrica, mas em todos os quadrantes ligados à energia e ao clima.
Para além disso, o investimento que a PRIO tem vindo a fazer será, sem dúvida, um alavancar no que diz respeito à evolução deste mercado. O caminho que temos percorrido nos últimos anos dá-nos a segurança de nos mantermos fiéis à nossa missão de ser uma empresa de energias do futuro para a mobilidade, com a certeza de que temos, hoje, a maior rede de carregadores elétricos em postos próprios em Portugal. Continuaremos a trabalhar, apesar desta crise pandémica, para mantermos o nosso ADN, continuando a crescer e consolidando o nosso estatuto como um player de referência de energias para a mobilidade do futuro.